sexta-feira, 1 de outubro de 2010

No Caderno G!

Olá a todos,
Esta semana saiu na coluna Acordes Locais, da Gazeta do Povo, uma resenha sobre o novo disco. O autor é o Luiz Claudio Oliveira, que sempre apoia a música local (e foi um dos primeiros a falar sobre a LPP, lá em 2008). Vocês conferem a coluna original aqui. Nosso muito obrigado ao Luiz por ter dado ao Bloco II!

Lívia e os Piá de Prédio, Martinuci e Stilnovisti

Publicado em 29/09/2010 Luiz Claudio Oliveira – luizs@rpc.com.br

Dois lançamentos de música do Paraná: Lívia e os Piá de Prédio (http://www.liviaeospiadepredio.blogspot.com) lança seu segundo disco, chamado de Bloco II. A banda Stilnovisti (http://www.myspace.com/stilnovisti), capitaneada pelo compositor e intérprete Aguinaldo Martinuci, lança seu primeiro trabalho, dentro do projeto Bandas Fora da Garagem, financiado pelo Fundo Municipal de Cultura, da Fundação Cultural de Curitiba. Lívia e os Piá já fizeram o show de lançamento no Sesc da Esquina, na semana passada, e Stilnovisti fará o show de lançamento às 20 horas no TUC nesta sexta-feira.
Lívia é curitibana e a cidade é sua principal fonte de inspiração. Martinuci é do interior, morou em Londres e em São Paulo antes de optar por Curitiba. É do mundo. Lívia é urbana, mas a produção do disco deixou o som próximo do rock rural e remete a Blindagem, a Sá, Rodrix e Guarabira (a Elis Regina cantando “Eu quero uma casa não no campo, mas em Curitiba”). Martinuci tem referências mundiais e um quê de sinfônico, mas sempre cheirando a mato. Lívia e Martinuci são excelentes compositores e letristas e suas músicas devem ser tocadas e cantadas por mais bandas (pergunta que não quer calar: por que as bandas do Paraná não tocam as músicas de outras bandas do Paraná?). Mas vamos a um de cada vez.


Lívia e os Piá de Prédio

Se, no primeiro disco, Lívia e os Piá de Prédio passeavam por uma profusão de ritmos e tinha apenas Curitiba e suas manias a unir todo o CD, neste novo trabalho já se nota uma preocupação maior com a sonoridade. Com a produção de Fernando Tupan e Marcus “Coelho” Gusso, gravado no Discos Voadores, o “Bloco II” se apoia no rock rural, unindo guitarras, violas e sanfonas.

Curitiba continua sendo a personagem principal. Referências e também a falta de referências e características paranaenses (Quem sou eu? O que tenho para chamar de meu?) estão em todas as oito músicas. As calçadas irregulares estão lá; o olhar para o chão, está lá; até as antigas polaquinhas, que levavam as “caroça com os leite e as verdura” para vender lá na cidade e paravam no Largo da Ordem para os cavalos beberem água, estão lá. “As Polaquinhas” nos remete a nós mesmos, assim como dialoga com “As Meninas da Cidade”, de Belarmino.

É claro que não poderíamos deixar de falar do tempo, daquele sol, o céu azul que nos deixa feliz aqui, “mas fecha o tempo e eu me escondo embaixo do primeiro toldo furado, me rendo a esse inferno/inverno do sapato molhado..// como pode o sol tão quente e de repente o céu nublado?”. Lívia nos recoloca, piás curitibanos de todos os cantos, no devido lugar, mesmo depois que “o Batel virou Soho”. Ela nos dá gengibirra, ajeita os topetes das meninas, acena para o piá pançudo, lamenta o fechamento da Pedreira e dá um abraço pro gaiteiro. Lívia nos dá referências. É um pop clássico curitibano.